A Barragem do Ribeirão João Leite – que poderíamos chamar de “Barragem Eng° Álvaro Razuk”, numa homenagem ao saudoso engenheiro que tanto contribuiu para sua realização – pertence a um conjunto de obras que visa ao pleno abastecimento de água potável de Goiânia e áreas conurbadas até o ano de 2025, quando então outro manancial deverá ser acrescentado ao sistema.
O fechamento de suas comportas formará um reservatório de 129 hm3 de área, aproximadamente, de 1.140 ha ou 235 alqueires goianos, na sua cota máxima. A formação desse “lago”, como já esperado, tem suscitado interesses imobiliários os mais diversos, que, na maioria, esquecem na sua formulação, a finalidade precípua dessa água, o consumo humano.
Nesse sentido, causa espécie o projeto de conhecido homem público que insiste em ignorar tudo o que preconiza a boa técnica, para não dizer o bom senso, pretendendo a implantação de um projeto de discutível interesse social, mas forte apelo empresarial, ferindo frontalmente a política de proteção que a Saneago intenta estabelecer.
Não obstante uma relativa antropização, a Bacia do João Leite, principalmente a jusante do Parque Altamiro de Moura Pacheco, ainda apresenta razoáveis condições quanto à qualidade de suas águas. É crucial, pois, que as autoridades a quem compete a questão se conscientizem do problema, definindo o justo ponto de equilíbrio entre os interesses legítimos das empresas imobiliárias e o alienável direito das populações quanto à preservação dos recursos naturais indispensáveis à sua sobrevivência.
Deparamos atualmente com dois potenciais fatores de comprometimento que poderão desencadear um processo de comprometimento da qualidade da água do futuro reservatório de abastecimento da grande Goiânia.
O primeiro é a já existente degradação da bacia, que, por falta de outra alternativa, teremos de modificar, de corrigir, sob pena de comprometimento futuro do reservatório se não forem tomadas as medidas de controle, conservação e preservação. Não há condição ambiental que seja tão melhor nas bacias hidrográficas do entorno de Goiânia para o abastecimento futuro. Todas as bacias hidrográficas estão antropizadas, isto é, relativamente degradadas, e delas depende o abastecimento futuro de Goiânia e áreas conurbadas; são poucas e muito pequenas as reservas florestais ainda nativas, pequenos ambientes preservados. Por isso o Projeto da Barragem do Ribeirão João Leite vem contemplado com 34 programas ambientais, que abrangem desde a mitigação dos impactos ambientais oriundos da obra e da formação do reservatório, à recuperação e conservação da bacia hidrográfica, para assegurar a vida útil do futuro reservatório. Mas esses programas não são auto-suficientes; eles não alcançarão seus objetivos se não houver a participação das autoridades estaduais, municipais, instituições e a comunidade. Por isso, essa etapa existente já é um tremendo desafio para todos nós, que é o esforço supremo para buscar a regeneração do uso e a ocupação do solo da bacia do Ribeirão João Leite.
O segundo fator é o que querem implantar com o projeto Goiânia do III Milênio – que prevê uma mirabolante ocupação em torno do futuro reservatório de água de Goiânia, concebido com o fim propício de abastecimento humano. Trata-se de um grande complexo comercial, pseudo-social, de interesse privado, que tenta se firmar para a opinião pública como opção de turismo e lazer para Goiânia, em detrimento aos verdadeiros interesses sociais e públicos, isto é, a saúde pública.
Esse projeto, se implantado, propiciará uma série de conseqüências que, somadas à situação já existente, culminará com o comprometimento futuro do abastecimento de água de Goiânia ou que esse seja feito sob condições cada vez mais adversas e a custos cada vez mais elevados.
A ocupação do entorno do reservatório proporcionará o desenvolvimento direto e indireto de todos os fatores de degradação de uma bacia hidrográfica, isto é, atrairá um grande fluxo populacional pelos interesses e necessidades de moradia, serviços, comércio, lazer, turismo e, principalmente, a expansão urbana, que, nesse local, será extremamente danosa para os cursos hídricos de abastecimento público, como já acontece em algumas cidades de Goiás que têm sérios comprometimentos e transtornos na captação e no abastecimento de água, chegando a desabastecimentos temporários, com sérios transtornos para as populações.
A poluição, a fertilização e assoreamento do reservatório pelo carreamento e transporte (acidental ou não) de sedimentos, resíduos sólidos, líquidos, orgânicos, químicos, óleos, graxas e detergentes; a pressão antrópica sobre a fauna, a flora e as Áreas de Preservação Permanentes; a floração de algas e, dentre elas, as espécies tóxicas, que, proporcionalmente à ocupação, terão como conseqüência a redução da vida útil, complicações e o aumento de custos para a operação do reservatório, podendo-se chegar à perda de controle sanitário do mesmo; a acidentes pessoais com vítimas fatais, com banhistas, pescadores, canoístas, etc; ao aumento dos custos para o tratamento da água, bem como o aumento dos custos e da demanda por fiscalização e recuperação de áreas degradadas, onerando-se assim os cofres públicos, podendo-se chegar, inclusive, à apuração de crimes de responsabilidades, pelas instituições competentes.
A água é o bem mais precioso à vida. A água é o elemento vital aos seres vivos e, portanto, o bem mais precioso que uma cidade pode ter. Por isso, sua fonte de abastecimento deve ser protegida sob todos os aspectos, para as atuais e futuras gerações.
Temos que aprender com os erros já cometidos e que têm penalizado a todos, principalmente as populações. Não podemos seguir o mal exemplo de São Paulo (matéria de O Popular 16/01/08, p. 03). Também matéria de O Popular de 17/01/08, p. 02... “qualquer descuido das três esferas de governos, União, Estado e Município poderá transformar o lago do João Leite no mau exemplo da paulista represa Billings”.
Lembramos que o tratamento ideal começa na proteção do manancial a ser captado e que, quanto pior a qualidade da água bruta a ser tratada, mais caro é o tratamento, penalizando, dessa forma, os consumidores.
Pelo exposto, manifestamo-nos contra a ocupação do entorno do futuro reservatório de água do Ribeirão João Leite. Queremos sua preservação, e que prevaleça o interesse e a saúde pública.
Temístocles Mendes Ribeiro é superintendente de Manutenção, Desenvolvimento Operacional e Controle Ambiental da Saneago
O fechamento de suas comportas formará um reservatório de 129 hm3 de área, aproximadamente, de 1.140 ha ou 235 alqueires goianos, na sua cota máxima. A formação desse “lago”, como já esperado, tem suscitado interesses imobiliários os mais diversos, que, na maioria, esquecem na sua formulação, a finalidade precípua dessa água, o consumo humano.
Nesse sentido, causa espécie o projeto de conhecido homem público que insiste em ignorar tudo o que preconiza a boa técnica, para não dizer o bom senso, pretendendo a implantação de um projeto de discutível interesse social, mas forte apelo empresarial, ferindo frontalmente a política de proteção que a Saneago intenta estabelecer.
Não obstante uma relativa antropização, a Bacia do João Leite, principalmente a jusante do Parque Altamiro de Moura Pacheco, ainda apresenta razoáveis condições quanto à qualidade de suas águas. É crucial, pois, que as autoridades a quem compete a questão se conscientizem do problema, definindo o justo ponto de equilíbrio entre os interesses legítimos das empresas imobiliárias e o alienável direito das populações quanto à preservação dos recursos naturais indispensáveis à sua sobrevivência.
Deparamos atualmente com dois potenciais fatores de comprometimento que poderão desencadear um processo de comprometimento da qualidade da água do futuro reservatório de abastecimento da grande Goiânia.
O primeiro é a já existente degradação da bacia, que, por falta de outra alternativa, teremos de modificar, de corrigir, sob pena de comprometimento futuro do reservatório se não forem tomadas as medidas de controle, conservação e preservação. Não há condição ambiental que seja tão melhor nas bacias hidrográficas do entorno de Goiânia para o abastecimento futuro. Todas as bacias hidrográficas estão antropizadas, isto é, relativamente degradadas, e delas depende o abastecimento futuro de Goiânia e áreas conurbadas; são poucas e muito pequenas as reservas florestais ainda nativas, pequenos ambientes preservados. Por isso o Projeto da Barragem do Ribeirão João Leite vem contemplado com 34 programas ambientais, que abrangem desde a mitigação dos impactos ambientais oriundos da obra e da formação do reservatório, à recuperação e conservação da bacia hidrográfica, para assegurar a vida útil do futuro reservatório. Mas esses programas não são auto-suficientes; eles não alcançarão seus objetivos se não houver a participação das autoridades estaduais, municipais, instituições e a comunidade. Por isso, essa etapa existente já é um tremendo desafio para todos nós, que é o esforço supremo para buscar a regeneração do uso e a ocupação do solo da bacia do Ribeirão João Leite.
O segundo fator é o que querem implantar com o projeto Goiânia do III Milênio – que prevê uma mirabolante ocupação em torno do futuro reservatório de água de Goiânia, concebido com o fim propício de abastecimento humano. Trata-se de um grande complexo comercial, pseudo-social, de interesse privado, que tenta se firmar para a opinião pública como opção de turismo e lazer para Goiânia, em detrimento aos verdadeiros interesses sociais e públicos, isto é, a saúde pública.
Esse projeto, se implantado, propiciará uma série de conseqüências que, somadas à situação já existente, culminará com o comprometimento futuro do abastecimento de água de Goiânia ou que esse seja feito sob condições cada vez mais adversas e a custos cada vez mais elevados.
A ocupação do entorno do reservatório proporcionará o desenvolvimento direto e indireto de todos os fatores de degradação de uma bacia hidrográfica, isto é, atrairá um grande fluxo populacional pelos interesses e necessidades de moradia, serviços, comércio, lazer, turismo e, principalmente, a expansão urbana, que, nesse local, será extremamente danosa para os cursos hídricos de abastecimento público, como já acontece em algumas cidades de Goiás que têm sérios comprometimentos e transtornos na captação e no abastecimento de água, chegando a desabastecimentos temporários, com sérios transtornos para as populações.
A poluição, a fertilização e assoreamento do reservatório pelo carreamento e transporte (acidental ou não) de sedimentos, resíduos sólidos, líquidos, orgânicos, químicos, óleos, graxas e detergentes; a pressão antrópica sobre a fauna, a flora e as Áreas de Preservação Permanentes; a floração de algas e, dentre elas, as espécies tóxicas, que, proporcionalmente à ocupação, terão como conseqüência a redução da vida útil, complicações e o aumento de custos para a operação do reservatório, podendo-se chegar à perda de controle sanitário do mesmo; a acidentes pessoais com vítimas fatais, com banhistas, pescadores, canoístas, etc; ao aumento dos custos para o tratamento da água, bem como o aumento dos custos e da demanda por fiscalização e recuperação de áreas degradadas, onerando-se assim os cofres públicos, podendo-se chegar, inclusive, à apuração de crimes de responsabilidades, pelas instituições competentes.
A água é o bem mais precioso à vida. A água é o elemento vital aos seres vivos e, portanto, o bem mais precioso que uma cidade pode ter. Por isso, sua fonte de abastecimento deve ser protegida sob todos os aspectos, para as atuais e futuras gerações.
Temos que aprender com os erros já cometidos e que têm penalizado a todos, principalmente as populações. Não podemos seguir o mal exemplo de São Paulo (matéria de O Popular 16/01/08, p. 03). Também matéria de O Popular de 17/01/08, p. 02... “qualquer descuido das três esferas de governos, União, Estado e Município poderá transformar o lago do João Leite no mau exemplo da paulista represa Billings”.
Lembramos que o tratamento ideal começa na proteção do manancial a ser captado e que, quanto pior a qualidade da água bruta a ser tratada, mais caro é o tratamento, penalizando, dessa forma, os consumidores.
Pelo exposto, manifestamo-nos contra a ocupação do entorno do futuro reservatório de água do Ribeirão João Leite. Queremos sua preservação, e que prevaleça o interesse e a saúde pública.
Temístocles Mendes Ribeiro é superintendente de Manutenção, Desenvolvimento Operacional e Controle Ambiental da Saneago
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